sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

A "VERDADEIRA" HISTÓRIA DE JESUS MENINO















XVI-

Deus ouviu
E resolveu ajudar
Jesus menino
Pois os romanos
Tinham cometido um ledo
E cruel engano

E a responsabilidade por tudo acontecido

Foi dos fariseus

Falsos homens bons

Que queriam

responsabilizá-lo

por algo não cometido

Pois o verdadeiro
fascinora e bandido
O bandido morava
Morava ao lado do seu barraco
confundido e delatado

por maldito e hipócrita fariseu
Sendo que uma arma do seu pai
Foi achada
Os romanos não tiveram culpa
Era seu cruel
Destino de Jesus menino









XVII-

Seu pai
Javeh
É bom para os bons
E castiga justamente
Discípulos e adoradores de Baal
E deU a Jesus Menino
Um presente
Não de grego.

XVIII-

Uma pistola com doze
Balas no pente
E o menino Jesus
Gostou da dádiva.

XIX-

Que ele acreditava
Ter vindo dos céus
Pois o dia em que achou
Um revolver prateado
Na capoeira
No meio do mato
Era o dia de Natal.












XX-

Encontrou o presente
No meio do mato
Exatamente a meia-noite
E quem dera o presente
Realmente não era Deus
Pois Javeh deseja justiça
Nunca vingança
E muito menos
Com uma pobre
E desgraçada criança.


XXI-


Quem o enganara
Foi um demônio
Fingindo ser Deus
E seu nome
Já rima com o mal
O babilônico
E sanguinário
Baal.

XXII-

Ludibriado e enganado
Pensava ser
Um anjo vingador
A serviço de seu pai
Jeová
Mas fora iludido
E servia como marionete.



XXIII-


E deste diabo
Maligno e sanguinário
E o usava como
Um passarinho preso
Na gaiola
Um endiabrado
e pobre canário.


XXIV-


Seu verdadeiro pai
O olhava no céu
E tendo as nuvens
Como chapéu
Ou melhor
Já que era um mano
Uma bonita
E importada bombeta.


XXV-
E se fez uma disputa
Por sua alma
Entre o demônio
E seu pai Javeh
E como era Jesus menino
Sabia qual era seu triste
E trágico destino.





XXVI-

De pistola na mão
Tendo em sangue
Seu pobre e injustiçado coração
Resolveu ganhar algum
Com o presente do maligno
E a intenção de Baal
Sempre e fazer não o bem
Mas seu prazeroso
e sanguinário mal.


XXVII-

Era madrugada de natal
E o iludido
E marionete de Baal
Resolveu praticar
Um assalto
Sozinho ele
E o danado
Pensando estar
Acompanhado por Deus
Doce e triste ilusão
De Jesus menino.


XXVIII-
A armadilha do mal
Fora lançada
E o menino Jesus
Caira na rede
Como peixe
E de arma na mão
Iniciou a sua trilha
E seu trágico destino
De Jesus menino.
XXIX-

Como sempre
O diabo engana
Aquele que o serve
A sua recompensa
Sempre será
Sua dor
Uma bela e prolongada cana.

XXX-

Da primeira vez o dano
Serve ao pobre
E ao seu freguês
E assim um belo
E sucedido assalto se fez
E roubando um casal de velhinho
Foi como tirar doce
De uma criança.

XXXI-

A fita foi à seguinte.
Em altas horas da madrugada
Na movimentada
Mas na madrugada
Uma deserta e perigosíssima
Avenida Escola Politécnica.










XXXII-

Esperou as vitimas
Escondido em um matagal
E ao parar o carro
No vermelho e fatídico farol
Deu o bote da serpente
Com arma na mão
E doze balas no pente.

XXXIII-

Curtiu dois dias
De depressão e ressaca
E acordou
 sem dinheiro e nenhuma casaca
Resolveu partir para a segunda fita
Mal sabendo ele ser
Pobre e triste marionete
Daquele que prometi
Não mais dizer o nome.

XXXIV-

Desta vez resolveu chamar
Um parceiro nada fiel
E na campana no mato
No mesmo lugar
Do primeiro e muito
Bem sucedido fato.
Esperou a próxima vítima
E pensou que seria
Tão ou mais fácil
Do que a primeira vez
Só que agora
O sucesso não
Mas sim
a desgraça
Se fez.
XXXV-

Uma moto tipo ninja
Parou com o playboy
No mesmo farol
E no vacilo do motoqueiro
a cobra
Deu o bote
Mas desta vez
Errou e caiu
 feito burro.

XXXVI-

O cara era
 um policial civil
E além de ter a arma
Engripada na hora H
Levou uma bela
E bem merecida porrada
Que lhe levou
Alguns dos seus belos dentes.

XXXVII-

E conheceu assim
A recompensa daquele
A quem ilusoriamente servia
ao maldito
E nesta noite
Dormiu em cana
E com o nariz na privada
E os pés em uma suja
E embostada pia.





XXXVIII-

Quando o farol avermelhou
Na sinistra e chuvosa madrugada
Jesus menino
Com sede de vingança
E se achando instrumento de Deus
Deu o bote no casal de velhinhos
E assim iniciou
Sua longa história
A serviço do maligno
E sanguinário Baal.

XXXIX-

Se tornara em
Um anjo de asas negras
Nunca a serviço do bem
Sempre o executor
Daquele que não 
mais direi o nome
Dando a ele
Somente seus apelidos
Conhecido também
Porque não
De maldito e maligno
Cramunhão.

XL-

Como já disse antes
Seu futuro estava preparado
Pelo maldito e o Danado
E na primeira vez
Obteve um ilusório
E falso sucesso
E roubara dinheiro
Jóias e celular.

XLI-

E assim feliz
Fazendo também
O Praxedes sorrir
Resolveu a noite comemorar
Com dinheiro no bolso
E tendo o maligno
Como encosto.

XLII-

Era pretinho, pobre e franzino.
Mas o sistema o fez
Por algumas horas
Branco, bonito e pretensamente forte.
Com dinheiro no bolso
Relógio de ouro
E com banho de loja de Shopping.

XLIII-

De repente arrumou
Dezena de “verdadeiros” amigos
De olho na sua grana
E o elogiando a toda hora
 a todo momento.
E iludido pelo ego
E o dinheiro do Safado
Teve alguns momentos
De uma falsa e ilusória felicidade.








XLIV-

Andou de taxi
Por todas as ruas
Em boates chiques
e espeluncas
 da cidade
E amou putas de luxo
E também todas
 da boca do lixo
E acordou sem nenhuma grana
Sem nenhum tostão a mais
Como em uma quarta-feira de cinzas
Depois de uma grande
e luxuosa orgia
e um curto e prazeroso
 carnaval.

XLV-

Como era de menor
Passou uma temporada
De férias na FEBEM
E lá encima seu pai
Chorou mas como
Seu legítimo filho
Resolveu salvá-lo
E mudar o seu trágico
E já escrito destino
Pois seu nome 
era
Jesus Menino.








XLVI-

A antiga FEBEM

Aonde dizem ser
A escola do crime
Ao contrario
De tudo e de todos
Mudou a sua trajetória
E seu trágico destino.
de um pobre
 Jesus menino.


XLVII-

E pelas mãos de seu
Verdadeiro pai Javeh
Na prisão como
Um menino Jesus
Se converteu em cristão
Por um ex- bandido
E hoje
 um iluminado pastor


XLVIII-

Que ao vê-lo
Assim o disse:
Filho meu
Não se espelhe
Em nenhum homem violento
Pois Deus
 que é pai de todos
Te ama muito.




XLIX-

E quer você
a seu serviço
Pois tem a aura
de um lindo
e negro iluminado
 Menino Jesus
Que por Deus
foi escolhido.

L-

Predestinado
A mudar o seu
E ao mundo de todos
Que em ti acreditarem
E a Deus assim
Por tuas mãos servir
És o tão esperado
Messias.
Nascido e criado
Em uma pobre favela
Tão distante e esquecida
Periferia
Nosso abençoado
E por todos muito amado
e tão esperado
Jesus Menino.











LI-

E assim se cumpriu
A profecia de Messias
Pois como ele
 menino Jesus
O redentor de seu povo
Não nasceu em uma mansão
do Morumbi
Mas sim aqui
 em uma favela
pobre do Jaguaré
E seu trágico destino
Por seu pai Javeh
Foi mudado
A fim de libertar seu povo
De toda a pobreza
Dando a nós todos
Um justo lugar
dos homens bons
O céu na Terra.
        
FIM.
AUTOR DA OBRA
João do Gueto.